Migrações internas, evolução das populações e consequências na oferta e procura imobiliária
Qual o impacto resultante de movimentos internos?
Embora a população residente de origem portuguesa tenha vindo a diminuir como se consegue observar como resultado do saldo natural (nascimentos-mortes) negativo nos últimos 15 anos e do saldo da emigração, tem-se igualmente assistido a uma continuada migração interna de pessoas do interior para os grandes centros urbanos embora, cada vez mais, as povoações de dimensão média consigam fixar os seus habitantes, e até se assista a algum pequeno movimento em sentido contrário, em particular depois da pandemia.
Em 2021, diz o censo do INE, que haviam 728.000 pessoas que, um ano antes, estavam noutro concelho, enquanto esse valor no censo de 2011 era de 275.000. Claro que muitas destas mudanças são apenas para concelhos limítrofes, mas apesar disso mostra um aumento significativo da mobilidade.
Podemos observar redução de população em todas as grandes zonas, com exceção de Lisboa e Algarve, precisamente onde a pressão urbanística é mais elevada.
Assiste-se a uma migração do interior para o litoral, com os distritos que perderam mais população a serem, Portalegre (-10%), Beja (-6,8%), Castelo Branco, Guarda e Évora. Acresce o facto do agravamento do envelhecimento da população, uma vez que quem migra são tipicamente os mais jovens.
Enquanto os que tiveram variações positivas são Braga (+6,5%), Faro, Aveiro, Leiria, Setúbal e Viseu (+0,4%). Com exceção de Viseu, que teve uma variação marginalmente positiva, todos os outros são litorais (dados INE do Censos de 2021 comparados com 2011).
Há que sublinhar que estes valores não resultam apenas de cidadão portugueses, uma vez que estes valores se referem a residentes.
Área Metropolitana de Lisboa – O distrito de Lisboa ganhou cerca de 49.000 habitantes em 10 anos (2011-2021), no entanto essa distribuição foi desigual, enquanto em Lisboa (-1,4%) a população diminuiu, tal como na Amadora (-2%), Barreiro e Oeiras marginalmente, noutros concelhos aumentou, como em Mafra (+12,9%), Palmela (+9,6%), Alcochete (+9%) e Montijo (+8,8%), bem como Sesimbra, Seixal, Cascais e Sintra, com aumentos menores. Assistimos a concentrações em concelhos limítrofes onde houve algum aumento de oferta habitacional ainda a preços acessíveis e redução noutros concelhos mais “ricos” ou com menos oferta, com exceção de Cascais, provavelmente por concentração de emigrantes de elevado poder de compra.
Porto – Embora no Distrito do Porto o número de residentes tenha caído desde 2001, na cidade do Porto o valor de residente aumentou, depois de uma queda continuada, provavelmente por migrações internas para outras zonas do país.
Podemos concluir que, mesmo sem aumento da população, a mudança entre regiões e municípios aumenta a procura em determinadas zonas, enquanto que outras ficarão com excesso de stock habitacional.
A questão da evolução de população entre zonas e concelhos do país, é mais uma peça necessária para compreender o aumento de procura (e oferta, como consequência do aumento de imóveis disponíveis nalgumas zonas) do imobiliário residencial.